TRAY OF GFIT: “não queremos ficar à sombra de ninguém”.


Por Écio Souza Diniz
Após o anúncio em 2010 da pausa da TUATHA DE DANANN por tempo indeterminado, num primeiro momento muitos podem ter pensado que os músicos da banda parariam por ali. Ledo engano, pois um dos exemplos de se manter em plena atividade foi a criação do TRAY OF GFIT pelo guitarrista Rodrigo “Berne”.  A banda é completada por Adriano Sarto (líder vocal), Giovani Gomes (baixo, Tuatha de Danann), Marcos Teixeira (flauta e guitarra acústica), Raphael Wagner (guitarra e banjo), Felipe Batiston (teclados, banjo e vocal – ex-Tuatha de Danann) e Wilson Melkor (bateria, ex-Tuatha de Danann). Calcado numa sonoridade que remete ao Folk metal, mesclando uma atmosfera ora mais pesada ora mais erudita, o grupo vem divulgando seu álbum de estreia, The tray of Gfit, lançado pelo selo Cogumelo Records, como também circulam boatos que um novo álbum está a caminho.  Nesta entrevista, Rodrigo aborda aspectos gerais sobre a banda.

Como surgiram os conceitos que foram adotados no álbum? Você já tinha as composições registradas de alguma forma?
Berne: A ideia era manter os temas celtas e medievais que usava no Tuatha. As músicas, em sua maioria, já tinham uma pré-produção que foi feita pelo Tuatha. Então na verdade eu só mudei algumas coisas para o Tray.
O TRAY OF GFIT é referenciado por você como uma grande realização pessoal. É algo que você vinha querendo fazer para além do som do TUATHA DE DANANN à muito tempo?
Berne: Na verdade não, pois sempre coloquei essas criações musicais no Tuatha, só que quando a banda parou eu pensei: “agora está na hora de cuidar do meu jardim”.
No geral como tem sido a receptividade ao debut?
Berne: Muito tímida, pois não temos um grande suporte para ajudar e a gravação foi feita com um baixo orçamento. Eu estava a fim de expurgar essas músicas da minha cabeça o mais rápido possível. Agora vamos lançar três músicas novas em um EP e em seguida ir preparando um novo CD.
 A sonoridade contida em The tray of gfitsegue uma linha Folk mais Dark, digamos mais medieval, abordando temas de batalha, e até mesmo composições bucólicas. Foi algo intencional este direcionamento ou simplesmente fluiu desta forma?
Berne: Olha foi um pouco de cada coisa. Eu não quero que o Tray seja uma banda idêntica ao Tuatha, pois estou a fim de me afastar ao máximo do meu trabalho ali, quero criar um som mais pesado e com temas mais sombrios mesmo. A música Tray of Gift é um exemplo, uma diretriz do que pretendo fazer daqui para frente.

Dentre os momentos mais marcantes do álbum estão Blue current (com riffs e refrão cativantes), The tray of gift (com andamentos mais cadenciados) e a pesada Starry king. Quais destas recebem melhor feedback nos shows?
Berne: Blue Current é feita para ser tocada ao vivo, assim, fica muito melhor do que no CD, pois só ao vivo se mostra como deve ser. Eu curto músicas rápidas e curtas, com um pé no punk rock.
Alguns acharam ruim a ideia de colocar uma balada acústica (Full of youth), mais dois temas instrumentais (Sky variations e In memoriam) num set list de oito músicas. O que você pensa sobre isso?
Berne: A música Full of Youth é muito bem aceita em todos os lugares, e as outras duas são viagens instrumentais, algo para um primeiro CD. Eu também acho que não é o ideal, mas eu não esperava agradar muito, queria era fazer um primeiro CD, e abrir caminho para isso se tornar um trabalho sério. Esse CD é simples, carece de algumas coisas, mas as músicas ficam bem melhores ao vivo. Nós somos uma banda em busca de melhorias, não somos referencia, nem nada, como também não estamos aqui para ficar na sombra do Tuatha nem de ninguém, e o tempo mostrará isso.
Fale-nos sobre o saldo da parceria com a Cogumelo Records.
Berne: Eles, com uma grande boa vontade, ajudaram a lançar o primeiro CD, sem eles ficaria mais difícil ainda, tenho que agradecer muito. O CD é de música underground e por isso estamos no lugar certo. Estou contente com o que foi feito. Agora esperamos lançar o 2º CD pela Cogumelo até o fim de 2014.
O que mais você pode nos dizer sobre esse segundo álbum?
Berne: Como falei, esperamos lança-lo até o fim de 2014. Esse CD está sendo feito em grupo, com contribuições de todos os músicos. Ele é mais pesado, mais Dark e mais completo. As letras não estão tão ligadas às coisas celtas. O que predomina nele são Riffs e atmosferas épicas. Em suma, é um CD para colocar e viajar. É o que posso falar até o momento.
Agora que o TUATHA DE DANANN está de volta à atividade, você acha que isso pode colidir com sua atuação no TRAY OF GFIT?
Berne: Com certeza não, pois o Tuatha na verdade ajuda o Tray, e o Tray está cada vez mais firme nas novas músicas e bem focado no próximo CD. O Tuatha é uma banda que montei com os caras há muitos anos e já tem uma grande história, o Tray está construindo a sua.
Como você visualiza a abertura para bandas de Folk em festivais de Metal brasileiros hoje em dia? Ela está crescendo?
Berne: Isso é normal, os gringos tem uma postura profissional que faz a diferença, algo que algumas bandas no Brasil ainda não entendem, e por isso não conseguem sair do lugar ou crescer. Folk metal hoje em dia é muito popular e tem muitas bandas ruins e boas.
Há divulgação consistente do TRAY OF GFIT no exterior?
Berne: Não, só pequenos contatos pelo facebook.
Quais são os demais planos para 2014?
Berne: Lançar o 2 º CD e firmar mais o nome da banda.