METALMORPHOSE: com o pé no acelerador!




Por Écio Souza Diniz
Para a felicidade de todos os Headbangers admiradores do Metal oitentista brasileiro, cheio de garra e cantado em português, um ‘revival’ de bandas clássicas do estilo tem invadido novamente o Brasil nos últimos 10 anos, proporcionando às novas gerações a chance de presenciarem aonde os pilares do nosso som pesado se firmaram. Dentre as várias lendas que estão de volta a ativa, a carioca METALMORPHOSE, a qual dividiu o histórico ‘split’ Ultimatum (1985) com os conterrâneos da DORSAL ATLÂNTICA, tem se mostrado a mais produtiva e lançado ótimos álbuns. Desde seu retorno em 2009, a banda segue a todo vapor com lançamentos e shows, se consolidando novamente perante mídia e público. O baixista André Bighinzoli, força motriz da banda que no momento reside em Aosta (Itália), é quem nos fornece detalhamentos sobre tudo isso.
PÓLVORA ZINE: O METALMORPHOSE tem seguido um ritmo produtivo muito rápido e constante após o retorno em 2009, visto que já lançaram dois álbuns ao vivo (nos formatos CD/DVD Odisséia em 2010/2012 e Máquina ao vivoem 2014), dois álbuns de estúdio (Máquina dos sentidos em 2012 e Fúria dos elementos em 2015), além da participação no Super Peso Brasil, que você idealizou a campanha coletiva para o lançamento do CD/DVD. Em sua opinião, qual o principal fator tem alavancado este gás produtivo na banda?
ANDRÉ BIGHINZOLI: O evento Super Peso Brasil também foi iniciativa minha. Procurei o Ricardo Batalha com a ideia de repetir a “Gig” de lançamento do Máquina dos Sentidos que eu havia produzido no ano anterior no Rio e em São Paulo com a METALMORPHOSE, STRESS, SALÁRIO MÍNIMO e CENTÚRIAS. Eu disse ao Batalha que queria fazer algo maior, tipo show de banda gringa, num lugar decente, e que estava disposto a investir numa produção cara apostando que, com um show de alto nível, o público compareceria em massa e valeria a pena. O Batalha embarcou na ideia de corpo e alma na ideia comigo, trabalhamos juntos durante meses. Foi ele que veio com o nome “Super Peso Brasil”, e todo o conceito do show, com as participações especiais, e até a ordem das bandas. Depois que estava tudo pronto, eu pensei “cara, vai ser do caralho! Nós temos que ter um registro de alto nível do evento. Eu tenho que filmar essa porra de qualquer jeito!”. Eu já estava quebrado, sem grana nenhuma, no fim das contas eu e o PP Cavalcante tivemos prejuízo financeiro no evento, mas aí é outra história… Respondendo a sua pergunta, desde 2008 até o final de 2015, fui eu que sempre arquitetei o próximo passo, e a banda sempre respondeu prontamente. Formamos um belo time e acho que o nosso barco teve um bom capitão. Eu me orgulho disso.  


P.Z: Fúria dos elementos é um álbum interessante, visto que você pode encontrar elementos musicais bastante atuais, mas ao mesmo tempo ele denota a sonoridade iniciada em Máquina dos sentidos mesclada à pegada oitentista da banda. Para você, qual o principal diferencial deste álbum?
ANDRÉ: Foram momentos diferentes, gosto muito dos dois álbuns. O Fúria dos elementos foi um álbum conceitualmente mais livre, foi produzido com menos pressão. Quando fizemos o Máquina dos Sentidos, nós tivemos uma certa preocupação em como ele deveria soar, devido ao hiato abismal de quase trinta anos. O Fúria… também é um álbum mais elaborado, e houve mais colaboração de todos: o Marcos Dantas entrou com composições, o PP Cavalcante também compôs mais, e as parcerias entre os integrantes também ocorreram com mais frequência, o que diversifica as influências. Aliás, este fenômeno continuou a se intensificar, e você vai ver isso no próximo álbum, Ação & Reação, onde pela primeira vez desde o Ultimatum o André Delacroix também assinou composições.
P.Z: Corda bamba e Vá pro inferno são em minha opinião os melhores representantes de Fúria dos elementos. Elas têm sido bem executadas ao vivo? Qual tem sido a reação do público?
ANDRÉ: Sim. Vá Pro Inferno passou a abrir o show. É legal que o nosso público pede músicas de todas as fases. Vi shows de outras bandas onde a galera só quer saber do material antigo. Fico muito feliz que com o METALMORPHOSE isso não acontece.
P.Z: Paralelamente ao lançamento de Fúria dos elementos, vocês fizeram um relançamento do EP Correntes (1986) no formato 7’ EP em vinil. Como foi o lançamento e procura por este material?
ANDRÉ: Este foi um projeto do selo Neves Records. Eles nos procuraram e nós licenciamos o material. Fizeram um excelente trabalho com a masterização e a parte gráfica. A primeira edição se esgotou rapidamente e nos pediram pra fazer uma segunda edição, que também já está esgotada.
P.Z: Além da parceria e amizade com Marcos Dantas que toca na METALMORPHOSE, de onde partiu a ideia do show em 28 de agosto de 2016 que homenageou os 30 anos de lançamento de Vingança, clássico dos conterrâneos do AZUL LIMÃO?
ANDRÉ: A lembrança naturalmente partiu do Marcos. Foi uma ideia que prontamente abraçamos. Inclusive, fui eu que sugeri a participação do Vinícius Mathias no show. O AZUL LIMÃO está vivo através do METALMORPHOSE. Satã Clama Metal faz parte do nosso repertório obrigatório e nossa versão está imortalizada no disco Máquina ao Vivo, assim como a do clássico O Grito, a minha preferida.
P.Z: Segundo Carlos Lopes da DORSAL ATLÂNTICA, você quem deu a alavancada inicial na ideia do primeiro relançamento em 2008 do clássico Split Ultimatum (1985). Como foi o processo para tal feito? E os relançamentos em vinil que tem ocorrido através de selos como, por exemplo, Dies Irae & Dark Sun, qual tem sido o saldo deles?
ANDRÉ: Verdade. Na época, havia apenas a edição original do Ultimatum (1985), e a reedição em vinil da Dies Irae (2000), ambas esgotadíssimas. O Ultimatum nunca havia sido lançado em CD. Quando o METALMORPHOSE voltou, procurei o Carlos Lopes pra gente lançar o Ultimatum finalmente em CD, no formato original com as duas bandas. O projeto foi bancado por mim. Pedi ao Carlos e ele recriou com todo o carinho toda a arte original que ele fez, e tivemos a ideia de adicionar mais fotos da época em cores. O Ultimatum faz parte da história do Heavy Metal do Brasil e foi importante tê-lo lançado oficialmente em CD. Hoje, esta edição histórica está esgotada. Posteriormente, foi lançada uma excelente edição em vinil pela Hell Music, uma réplica perfeita produzida pelo Leon Manssur. A Dies Irae também lançou uma edição em CD, mas a arte é diferente da original. A informação que temos é que todas as edições estão esgotadas, pelo menos a banda nunca recebeu pedido para reedições.
P.Z: O Rio de Janeiro sempre teve um cenário underground muito legal e atualmente, além de várias bandas excelentes despontando, as bandas clássicas como AZUL LIMÃO, DORSAL ATLÂNTICA, METALMORPHOSE e TAURUS estão aí lançando discos. Como você avalia este momento do cenário metálico carioca e nacional?
ANDRÉ: São excelentes bandas, e é muito bom ver que continuam a produzir. Acho que todos têm o seu espaço e acredito que o público ganha muito com isso.
P.Z: Poderia nos explicar melhor sobre a escolha do baixista Marcelo Val (SOMAGNET, PAINSIDE, IMAGO MORTIS, entre outros) em substituição a você enquanto estás no exterior?
ANDRÉ: Primeiramente, o Marcelo “Brancão” é um excelente músico. Ele foi o primeiro nome lembrado pelo André Delacroix, pois eles são amigos de longa data. Quando convidado, o Brancão aceitou na hora, e já chegou no primeiro ensaio arrebentando, com tudo em cima (eu ouvi a gravação). Estou muito satisfeito com ele na banda.
P.Z: Como está o andamento para o novo álbum, Ação e reação, que está previsto para o primeiro semestre de 2017?
ANDRÉ: O disco está em fase de mixagem, e deve sair ainda no primeiro trimestre.
P.Z: Além do novo álbum, há algum outro plano para o curto prazo?
ANDRÉ: Temos muitos planos, mas não posso adiantar nada. Garanto que 2017 terá muitas novidades por parte do METALMORPHOSE.