CHAKAL: Na ativa e com vigor!

Por Écio Souza Diniz

A grande cena do metal extremo brasileiro, composta por grandes expoentes sobretudo do Death/Black e Trash metal, teve sua centralização em Belo Horizonte, formando todo um movimento que atraí seguidores até os dias atuais. Em meio a um número considerável de bandas que surgiam na segunda metade da década de 80 na capital mineira, o CHAKAL, foi e ainda é um grande destaque daquela época. Com seu Trash/Death, rápido, agressivo e muito bem interpretado, eles partiram do simples status de mais um nome surgindo na explosão daquela época, para uma referência no mundo do Metal. Agora, eles estão fazendo vários shows pelo país e levando seu som as novas gerações de Headbangers. Para nos falar melhor sobre tudo isto e muito mais, o Pólvora Zine, conta com a presença do baterista, Wiz. Acompanhem a devastação Trash!!!

Pólvora Zine: O CHAKAL, surgiu em uma época em que ocorria uma grande explosão do Metal em Belo Horizonte, ajudando a consolidar uma cena que ficaria marcada em nosso país. Fale-nos como foi desde o surgimento da banda até ela se firmar, tendo a primeira grande exposição na coletânea “Warfare noise” (1986), lançada pela Cogumelo Records.



Wiz: Acho que no princípio nós começamos como qualquer banda, nos juntamos apenas para divertir e nunca nem pensamos que iríamos fazer um show e muito menos gravar alguma coisa.
Com algumas mudanças de formação acabamos nos estabilizando com o line up que gravou a “Warfare noise”, e depois disso gravar os outros trabalhos foi apenas uma coisa natural.

P.Z:Como ocorreu o processo criativo de “Abominable Anno Domini” (1987), principalmente a concepção de clássicos como 'May not the mankind suffer' e 'Jason live'? O quanto vocês excursionaram para promover este álbum?

Wiz: Uma banda quando está no início geralmente tem uma facilidade grande em compor, você vai só pensando e fazendo sem muita autocrítica ou autocensura, depois você mesmo descarta o que acha que não está legal. Basicamente foi o que aconteceu com o CHAKAL. Nós tinhamos tinhamos muitas músicas ou pedaços que foram se juntando e se tornando o “Abominable anno domini”. Na época, nós estávamos apenas preocupados em ver a reação do público com as músicas novas, então era só nos chamar que iamos, e foi bem legal, fizemos muitos shows.

P.Z: No segundo álbum, “The man is his own Jackal” (1990), se pode ouvir um CHAKAL mais evoluído, não abandonando a rapidez e selvageria de outrora. Isto pode ser claramente notado em composições como a rápida e muito bem riffada 'Feel no pain', 'Silence and peace' e a densa e ríspida 'Santa Claus has got skin cancer'. Como foi para vocês explorarem mais o som da banda, calcando mais no Trash metal. Foi algo mais natural ou premeditado?



Wiz: Eu acho que foi uma evolução técnica natural, o que mudou mesmo a cara da banda foi uma mudança no estilo de vocal. As parte instrumentais das músicas de “The man is own jackal”, seriam as mesmas, independente de quem fosse o vocalista. Tanto, que considero o “Demon king” uma grande mistura dos trabalhos anteriores do CHAKAL.

P.Z: Nessa mesma época, Vladmir (Korg), deixou a banda para se juntar ao THE MIST, em algum momento esta saída chegou a preocupar você quanto a continuação da banda? Para você Vladmir, qual foi a maior necessidade que culminou em sua ida para o THE MIST?



Wiz: Na época eu nunca pensei no fim do CHAKAL, apenas pensava que teríamos que encontrar outro vocalista, e isso não é uma coisa fácil, tanto que testamos inúmeros deles: alguns bons, outros não, e acabamos por optar pelo Laranja.

P.Z: O que você acha das pegadas mais groove de “Death is a lonely business” (1991, terceiro álbum)? Assim como a crítica especializada, você o considera como o mais bem produzido e moldado álbum do CHAKAL? Quais opções você vê que puderam ser bem exploradas com o vocal de Sérgio nas músicas?



Wiz: Eu particularmente não curto a produção do “Death is a lonely business”. Para época foi muito bem gravado, mas eu acho a gravação muito fria e reta, as mesmas músicas tocadas ao vivo eram um grande soco na boca do estomago e acho que não conseguimos passar isto para o LP .
Eu acho que o principal prejudicado neste álbum foi exatamente o Serjão. O pobre nunca tinha entrado em um estúdio e nós o jogamos na fogueira no ultimo período de gravação, tendo que fazer todas às músicas em poucas horas.

P.Z:Após “Death is a lonely business”, o que exatamente levou a banda a cessar suas atividades por alguns anos?

Wiz: Uma série de fatores: alguns internos, outros externos, mas o principal deles, foi o direcionamento que o Metal em geral estava tomando.

P.Z: O retorno de vocês em 2002, culminou com o lançamento do inédito e experimental “Deadland”, que veio somado a “Abominable Anno Domini” e o EP “Living with the pigs” (de 1988). O que vocês acharam de ser lançado este pacote inédito-clássico.



Wiz: Se tem uma coisa que eu sempre lutei, foi para haver o lançamento de todo o catálogo do CHAKAL em cd, não descansei enquanto não saíram todos.

P.Z: De onde surgiu o conceito de “Deadland”, todas aquelas passagens, vinhetas de gritos e tiros?



Wiz: Eu acho um exagero quando as pessoas falam demais dos tiros etc. , na Jason o korg fala com um radio comunicador tipo de policia, o “Living whith the pigs”, começa com uma musiquinha dos três porquinhos, no “The man is...”, há coisas parecidas e no “Death is a lonely...”, tem tiros, vacas mugindo, passarinhos cantando etc. Não entendo o porque de só se comentar isso no “Deadland”.

P.Z: Eu creio que talvez, seja um clima diferenciado que o álbum provoque no ouvinte, que o faz reparar nestes detalhes dele, e não reparar nos demais álbuns.

Wiz: Isso eu até concordo, o "Deadland" realmente é um trabalho diferente, mas as críticas geralmente são pontuadas exatamente em coisas que a gente já tinha usado antes ou em outras coisas.
Por exemplo, alguns dizem que o disco não é cru, na verdade é o trabalho mais cru e mais básico que já fizemos principálmente em matéria de sonoridade e gravação.
Outras pessoas falam que é meio New metal, isso eu já acho mais absurdo ainda, afinal nos buscamos principalmente na parte instrumental nossas principais influencias da decada de 70.
Agora, o que o pessoal menos fala e que eu acho que poderia ser uma critica, é que definitivamente o "Deadland" não é um CD de Thrash/Death metal. Itso com certeza é verdade.

P.Z: Já em 2004, vocês socaram o pé novamente no Trash metal, trazendo o excelente “Demon King”, com composições fortes e ácidas como 'Demon king', 'War drums', 'Psycho' e um cover formidável de 'Evil dead', do DEATH. Para mim este é o registro, onde vocês mais se aperfeiçoaram como músicos e compositores, além de também achar que é mais produzido que “Death is a lonely business”. O que vocês acham desta perspectiva? Vocês também vêem as coisas desta maneira?

Wiz: Como todos os nossos trabalhos, eu acho que tem erros e acertos, mas com certeza acertamos bem mais que erramos. O “Demon king” criou vários clássicos, tanto que é difícil uma banda com mais de 20 anos de estrada tocar tantas músicas do disco mais novo e ser recompensada pelo público por isso.

P.Z: Visto o tempo que vocês estão na estrada, o que acham da cena atual do Metal Extremo, tanto em Minas como no resto do país? Vocês crêem que tá havendo uma volta ao valor do Metal oitentista?

Wiz: Eu não rotulo o CHAKAL como extremo. Na verdade, acredito que somos extremistas, pois temos influencias de Death , Black, Thrash, Prog, e Metal tradicional, e conseguimos misturar isso tudo sem deixar de ser o CHAKAL e não nos deixando levar por modinhas. Hoje em dia, é tudo mais fácil tecnicamente falando, por isso acho que é fácil recriar o clima dos anos 80, além disso eu acho que a geração atual sempre tem uma tendência a gostar de coisas da geração anterior, isso acontecia com a gente na década de 80 , nós queríamos soar como BLACK SABBATH, MOTORHEAD, JUDAS PRIEST, e dessa mistura criávamos um som novo, que na época não sabíamos que seria reverenciado até os dias de hoje.

P.Z: O CHAKAL, está aí com força total, fazendo shows pelo Brasil afora. Recentemente tocaram no 4° Triumph of metal em Pouso Alegre (27/08/2010). Como vem sendo a agenda e os shows ultimamente e o que acharam do referido evento?



Wiz: Este ano a gente tinha dado um tempo com shows para podermos resolver algumas coisas do nosso novo trabalho, depois decidimos testar algumas músicas novas ao vivo, como foi feito antes de gravarmos o “Abominable...”. Assim, resolvemos fazer alguns shows no segundo semestre, só que começaram a pintar muitas oportunidades e isto está muito bom. O Triumph of metal foi excelente. Boas bandas, bom público e fizemos boas amizades.

P.Z: Para finalizar, os Bangers podem esperar um novo álbum do CHAKAL em breve?



Wiz: Nós já temos músicas suficientes para lançar um cd novo , mas não decidimos ainda quando entrar em estúdio para gravar, por enquanto vamos continuar testando as músicas ao vivo , pois tem sido uma grata surpresa fazer desta maneira. Mas, como tem tanto tempo que lançamos o “Demon King”, isso significa que não demoraremos tanto tempo mais para lançar algo novo .

P.Z: Obrigado a vocês pela entrevista, sucesso e muito chão ainda para a banda, que as raízes do Metal vivam eternamente. O espaço fica aberto para falarem aos fãs.

Wiz: Obrigado a vocês por nos darem a oportunidade. Quanto aos fãs, o que posso dizer é que o CHAKAL espera que vocês agitem como se fosse a última coisa que fossem fazer em suas vidas.

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