Resenha: VIPER em Belo Horizonte (Musical Hall, 29/09/2012).



Por Écio Souza Diniz

O VIPER é um dos lendários nomes do Metal nacional devido ao seu pioneirismo e paixão pelo estilo, sendo que a maioria dos membros originais tinha entre 13 e 14 quando a banda iniciou fortemente suas atividades. A To Live Again Tour foi iniciada no primeiro semestre de 2012, objetivando uma reunião da banda para celebrar os seus anos de ouro, tocando na integra os dois primeiros álbuns, “Soldiers of Sunrise” (1987) e “Theatre of fate” (1989). Sem nunca ter tocado na capital mineira, a banda se apresentou no Music Hall no último dia 29, e apesar dos bons momentos do show, infelizmente o mesmo foi marcado por alguns episódios tristes para uma apresentação que muitos alimentaram uma grande expectativa. Como o Heavy Metal é algo que foi criado para ser honesto, também cabe a nós que assistimos aos shows e escrevemos sobre eles, sermos no mínimo sinceros para bem e para mal, então descreverei ambos os lados da coisa.

Primeiro, o show que estava marcado para ser iniciado às 22 horas, foi acometido por um longo atraso, que foi agravado pelo fato de mesmo após a apresentação da banda PLEIADES, já conhecida na cena Belo Horizontina, a banda ter demorado cerca de quase uma hora e meia para entrar. A PLEIADES fez uma abertura legal para esquentar o clima, mesclando músicas próprias e covers de clássicos do Rock/Metal, mostrando um crescimento exponencial na performance dos jovens músicos, sobretudo da animada vocalista Cintia Mara.


Após a demora que já exauria as forças e até mesmo a empolgação de muitos dos presentes, finalmente o VIPER entrou em cena, abrindo com a clássica ‘Knights of destruction’ de Soldiers of Sunrise, animando a galera. Entretanto, logo após o início do show começou a odisseia de problemas que cercariam o mesmo durante seu decorrer, com problemas no microfone de Andre Matos. Não bastasse isto, o baixista Pit Passarel começou a exibir um jeito engraçado de tocar, que até então era aceitável, mas se tornaria bem lastimável depois.


O outro acometido pelos defeitos técnicos do som foi o guitarrista Felipe Machado que começaram na execução de ‘Wings of evil’, mas ainda não chamava tanta a atenção.  Os bons destaques para as músicas de “Soldiers of Sunrise” ainda abrangeram épica ‘The whipper’, mostrando uma excelente performance dos guitarristas Felipe Machado e Hugo Mariutti e do baterista Guilherme Martin. Aliás, foram estes três músicos que suaram a camisa durante todo o show, dando uma ótima demonstração de profissionalismo e competência. As músicas ‘Sign of the night’ e ‘Nightmares’ também tiveram um bom desempenho. O encerramento da primeira parte do show foi com a música ‘H.R’, que é uma das mais enérgicas do primeiro disco da banda.


No intervalo dado para a banda retornar e executar o álbum “Theatre of fate” foi exibido um documentário contando a história da banda, mostrando a formação e crescimento do VIPER, entre outras curiosidades que fazem parte da história da banda. A princípio foi até legal ver tal documentário no telão, mas depois de alguns minutos ele já começa a deixar boa parte do público ansioso pela continuação do show. A música de abertura, a bela ‘Illusions’, começou a rolar com o telão ainda exibindo do vídeo, e os músicos se posicionaram para tocar. Neste bloco veio as decepções mais agravantes para mim e muitos que tem um apego especial com o segundo álbum da banda. Para começar Andre Matos já se mostrava um pouco mais alterado do que já podia ser notado anteriormente, e Pit Passarell deslanchava nas suas nada exemplares atitudes. No entanto, ‘At least a chance’ e ‘To live again’ tiveram um clima bem empolgante, apesar de um problema na guitarra de Felipe aqui, umas palavras cuspidas sem nexo de Pit ali. A propósito, creio que não somente eu, mas muitos não faziam ideia de metade do que o Pit falava, e ele não já não tinha condições de disfarçar sua embriaguez.


Em ‘A cry from the edge’ também houve bons e intensos momentos, e já em ‘Living for the night’, até a metade da música foi muito legal, com o vocal ficando por conta do público no início da música e todos cantando-a em coro. Da metade para o final, na parte instrumental da música Pit retirou sua camisa largou o baixo, assumiu o microfone diversas vezes para falar nada com nada e Andre assumiu alguns pratos da bateria junto com Guilherme como se fosse uma simplória jam session e não um show. A música ‘Moonlight’ também foi muito bacana e todos a acompanhavam intensamente, e Andre Matos fazia jus a seus dotes no piano. O encerramento do set list de “Theatre of fate” foi com a ‘Prelude to oblivion’.


A banda ainda retornou para uma sessão de bis composta por três músicas, e foi nesta hora que o acumulo do absurdo cercou o Music hall, com Pit recebendo vaias e sendo mandado para aquele lugar...Como o baixista já estava bem alterado resolveu responder a altura e começou a intimar quem dizia tais coisas a subir no palco e lhe encarar. A execução de ‘Evolution’ com Pit no vocal, mal conseguindo cantar foi bem desanimadora, o que foi amenizado pela execução de ‘Rebel maniac’ com Andre no vocal, e que foi legal de ouvir. O encerramento do show foi por meio da versão “Viperizada” de ‘We’ll rock you’ do QUEEN.

O saldo deste show é difícil de descrever, pois apesar de tantos pesares foi bom ver uma banda do calibre do VIPER tocando seus clássicos, dando oportunidade para fãs antigos os reverem e fãs mais novos as conferirem ao vivo, mas não dá pra isentar os fatos decepcionantes ocorridos. Foi a primeira vez que a banda se apresentou em Belo Horizonte e no mínimo tinha de ter havido mais empenho da equipe técnica responsável pelo som do palco e instrumentos e dos músicos Andre Matos e Pit Passarell. Apesar de tantas críticas ruins que rondam o baixista já não é de hoje, é inegável que é um grande compositor, assim como Andre, mas um conselho para ambos, sobretudo o primeiro, se é que conselho é algo que se deva dar de graça, é que mantenham a compostura em momentos tão importantes como em um show inédito.