Sarcófago - Ame ou odeie!!!


Quando se fala em Sarcófago se fala em pioneirismo, radicalismo e polêmica. Esta banda de Belo Horizonte se tornou uma das maiores influências do metal extremo mundial, sendo o seu primeiro disco, o INRI, declarado por muitas pessoas e bandas como um dos discos mais importantes do Death/Black Metal mundial, e realmente é! São mais de 15 anos de percurso, com inúmeras encrencas, com outras bandas, declarações super polêmicas à imprensa. Com 8 lançamentos e participações em coletâneas, e como não poderia deixar de ser, um tributo com a participação de banda nacionais e internacionais.E é justamente por isso que eu decidi fazer uma matéria completa sobre o Sarcófago. Eu acho que é super importante saber sobre esta banda para entender como funciona o cenário mundial de hoje.

Em 1985, época em que o cenário extremo de Belo Horizonte era o mais forte do pais, Wagner Anticrist era guitarrista e vocalista da banda Sepultura, que começava a dar os primeiros passos de uma longa jornada. Wagner permaneceu por um ano no Sepultura, deixando a banda por motivos de encrenca com os outros músicos antes que gravassem alguma coisa. Logo Após a sua saída, Wagner foi convidado por Gerald Incubus a se juntar a banda.

Sarcófago que já existia. A partir deste momento nasce a treta mais famosa entre duas bandas no cenário nacional (SEPULTURA X SARCÓFAGO).Começa um verdadeiro fogo cruzado que dividiu as opiniões do público Brasileiro na época, onde a cada entrevista das duas bandas o bicho pegava mais ainda, isso sem contar o que acontecia entre eles no underground de Belo Horizonte. Após a participação do Sarcófago na clássica coletânea Warfare Noise I da Cogumelo Records, com duas faixas, a banda começou a garantir o seu espaço em 1987 entrando em estúdio para a gravação do magnífico disco INRI que se tornaria uma peça fundamental ao desenvolvimento do estilo. Neste disco os músicos eram Antichrist - vocal, Incubus - baixo, Butcher - guitarr e D.D. Crazy - bateria.

Nesta época a banda usava maquiagens pesadas, braceletes cheios de pregos, muitas correntes e os maneiríssimos cinturões de balas de fuzil. Pra se ter uma idéia, em 1986 o Bathory e o Possessed estavam ainda no segundo disco, o Mayhem lançava sua primeira Demo-tape, o Death ainda não havia conseguido lançar o seu primeiro disco e muitas bandas de black e death metal ainda não haviam nem se formado.Toda essa musicalidade e visual ainda era novidade, sendo até criticada constantemente. Do disco INRI, vieram clássicos como a manjadíssima Nightmare, Christ Death, Satanas e a abertura Satanic Lust.

Em 1989 o Sarcófago lança o disco Rotting e se apresenta como um trio, saindo o baterista D.D.Crazy (que apareceria como baterista da banda Sex Trash) e o guitarrista Butcher, entrando na batera M. Joker. Nestas alturas os discos do Sarcófago já estavam sendo distribuídos no exterior, sendo a capa do Rotting censurada nos EUA, sendo substituída por dizeres que informavam que o Sarcófago era uma banda formada por ex-integrante do Sepultura, matando Wagner de raiva, levando-o a processar a distribuidora por ter colocado isso sem informar a banda.O disco Rotting traz clássicos como a faixa título,Sex, Drinks and Metal, uma nova gravação para a música Nightmare entre outras e também uma mensagem no encarte que detona todos aqueles que apostaram contra o desenvolvimeto da banda.

Após 2 anos, o Sarcófago vem com o disco que é a obra prima da banda, o magnífico The Laws Of Scourge. Voltando a ser um quarteto, a banda trazia além da dupla polêmica, o baterista Lucio Olliver e o guitarrista Fabio Jhasko . A sonoridade da banda se apresenta muito mais madura e técnica. Assim abre-se caminho à uma modalidade de Death Metal mais trampada, o Sarcófago acaba inovando mais uma vez o estilo. Houve quem metesse o pau na banda após o lançamento deste disco, dizendo que eles farofaram e se tornaram posers, devido as fotos colocadas no disco.The Laws of Scorge proporcionou a primeira turnê Européia da banda, sendo muito bem sucedida e fazendo com que a banda se tornasse mais ainda uma banda de grande importância no Underground mundial. Este disco também proporcionou o primeiro Videoclip da banda para a música Screeches From The Silence. Na minha opinião, este disco apresenta as melhores músicas do Sarcófago, muito bem trampadas, pesadas e ainda polêmicas, a letra da música The Black Vomits foi até censurada no encarte. Destacam- se também as músicas Midnight Queen, Piercings, Prelude To a Suicide e Secrets of Window.Simplesmente este disco é matador e se torna um dos discos mais importantes do estilo, mas há quem discorde. Em seqüência a esta etapa, no ano de 1992, vem o EP Crush, Kill, Destroy que continua a ser também criticado por alguns radicais e antipatizantes da banda. Este disco traz apenas duas faixas inédita: a faixa título e Little Julie, somadas a duas faixas do disco The Laws of Scourge. De um modo geral o disco é muito bom e continua sendo técnico.


Nesta época acontece um dos fatos mais polêmicos da carreira da banda, que é a treta com o pessoal dos Ratos de Porão, colocando o nome do Sarcófago novamente em evidência. Certa vez o Ratos de Porão arranjou um show em Belo Horizonte, enquanto eles tocavam uma certa turminha começou a cuspir nos caras, o João Gordo ficou puto da vida. Segundo os caras do Sepultura, foram o pessoal do Sarcófago os autores desta piada. Dai em diante se firmou a treta entre as bandas.

Posteriormente chegou a vez do Sarcófago tocar em São Paulo. Durante a tour do D.R.I, o Sarcófago foi selecionado pela produção para abrir o seu show em São Paulo no lugar dos Ratos. Ai o pau quebrou!!! O pessoal do Ratos de Porão entrou no camarim do Sarcófago armados com correntes e desceram o cacete, até os caras do D.R.I entraram na briga, sendo que um deles saiu de braço quebrado. Para se ter uma idéia da tamanha polêmica da banda, as pessoas que não gostavam deles e os achavam pôsers, diziam que eles eram um bando de mauricinhos que se vestiam de garotos maus, chegando a usar perucas nos shows pois seus cabelos já estavam curtos.

Dois anos depois o Sarcófago volta a dar polêmica no underground, desta vez como um dupla. Só permaneceram na banda os famosíssimos Wagner e Gerald, com os cabelos cortados e ainda sem medo de dizer o que pensavam. Sobre os cabelos eles diziam que qualquer playboyzinho curtidor de Pearl Jam deixavam crescer, portanto não tinha mais graça, mas mesmo assim a banda se apresentava com um visual agressivo. Só que a principal polêmica era o estilo do som, o Sarcófago mais uma vez inovava e dividia opiniões da crítica especializada e principalmente dos fãs.

O álbum da vez era o Hate, lançado em 1994. O objetivo musical da banda se apresentava o mais agressivo possível, sendo que desta vez eles realmente exageraram. Segundo Wagner, eles queriam alcançar uma velocidade tão extrema que nenhum baterista do mundo poderia tocar tão rápido, dai a necessidade de usar uma bateria eletrônica. De fato era verdade, o som ficou velocíssimo, mas conseqüentemente perdeu toda a técnica que a banda alcançou nos discos anteriores. Apesar de pouco divulgado e da críticas negativas, este disco se tornou mais um marco na carreira do Sarcófago.

 Em 1995, é lançado uma coletânea em comemoração aos dez anos da banda. As faixas foram escolhidas pela dupla e conta com os maiores clássicos da carreira do Sarcófago, contendo músicas de todas as fases até então. Em 1996 o Sarcófago vem com o disco The Worst, que conta também com uma bateria eletrônica, mas não tão veloz como a do disco anterior. Aparece um pouco mais de técnica e as letras continuam podres como sempre. Este disco passou um pouco despercebido pelo underground, não realçando mais o nome da banda. Este também não teve muita divulgação e eles também não fizeram shows para promovê-lo. Desta vez o Sarcófago abandona de vez o visual e se recusa a aparecer na mídia, agora eles definitivamente não se preocupam em viver financeiramente da banda, como eu acho que sempre foi.

Em 1999 o Sarcófago lança o disco Crust, que é tosqueira pura, onde a banda retorna a velocidade exagerada na bateria eletrônica. No disco há a uma faixa que chama atenção na letra: F.O.M.B.M. (Fuck Off The Melodic Black Metal),que mete o pau nas novas tendências do black metal. Este disco tem apenas quatro faixas e serve como um breve petisco para os fãs enquanto aguardam um novo lançamento.


Em 2002 sai o merecido tributo ao Sarcófago, com bandas nacionais e internacionais tocando. São elas: Angel Corpse, Posthumous, Impurity, Calvary Death, Drowned, Satyricon, Descerebration, Lustful, Impaled Nazarene, Lethal Curse, Black Witchery, Mysteriis, Under Threat, Patologic Noise, Mystifier, Conqueror, Exumed e Sextrash. Simplemente matador e merecido. Durante toda a sua trajetória o Sarcófago foi muito polêmico, arrancando elogios e críticas negativas por parte do público, dividindo literalmente as opiniões a seu respeito. Com o Sarcófago não tem meio termo, ou você ama ou você odeia. Pelo menos uma coisa ninguém pode negar, eles sempre foram originais e nunca seguiram em hipótese alguma as modas que pintaram por aí durante todos estes anos, o Sarcófago sempre foi um som extremo buscando ser o mais podre possível e sempre conseguiram. O Sarcófago é uma banda para se tirar o chapéu, pois eles inovaram um estilo e se tornaram influencia para toda uma geração do som pesado mundial. Diversas banda internacionais que já passaram por Belo Horizonte declararam à imprensa o sentimento de honra por tocarem na terra do Sarcófago, e isso nos enche de orgulho. Fale quem quiser, mas o Sarcófago é o Sarcófago e pronto!!!!!!