IMPERFECT SOULS: Fiel ao Underground!

Por Écio Souza Diniz


A horda IMPERFECT SOULS, oriunda de Muzambinho-MG, é um dos nomes que vem crescendo no Metal extremo, sobretudo devido a fidelidade ao seu próprio som e a ideologia oldschool de ser.
Em meio aos festivais com nomes lendários da cena sul mineira, como CORPSE GRINDER, entre outros, eles tem recebido a atenção e respeito dos bangers, e seguem firme, lançando e divulgando seus trabalhos. O guitarrista e fundador Lucas, veio até nós para falar melhor sobre tudo isso, revelando-se um cara de postura firme.


Pólvora Zine: O IMPERFECT SOULS, foi formado por você, destinado a fazer um som extremo e sem frescuras. Como foi a princípio encontrar os outros membros, compor, etc?

Lucas: Hail Écio e todos que estão a ler esta matéria!! Então, desde que eu comecei a aprender a tocar guitarra sempre tive intenção de fazer som próprio e sem frescuras, e o Michel que é o batera já era meu amigo desde esta época. Assim, sempre que estava em casa e eu ia mostrando os riffs que compunha a ele, e então já planejávamos montar uma banda, só faltava aperfeiçoar os sons. Depois, conheci o Gustavo e ele estava bem empolgado com o lance de tocar,então resolvemos começar a criar as composições, que já estavam praticamente prontas quando tudo se firmou, depois foi somente aperfeiçoar e trabalhar em novas.

P.Z: Em 2006 já uma formação estabilizada, vocês lançaram a demo ensaio “Imperfect songs”, com músicas cruas e agressivas. Como foi a recepção a este lançamento? E como você trabalhou o conceito das músicas?

Lucas: A recepção foi até melhor que esperávamos, pois de início tínhamos a intenção de divulgar esta demo somente para recrutar um baixista e acabou nos abrindo várias portas. O conceito foi simples: agressividade e letras que expressam nossa ideologia e loucuras de nossas mentes insanas!

P.Z: Quem foi o idealizador e produtor da parte gráfica de vocês?

Lucas: Eu idealizo toda a arte das capas, e o Luciano Fox, um amigo meu que desenha muito, fica à cargo de passar para o papel minhas ideias, ele tem feito desde nosso logo e todas nossas capas até hoje, e pretendo que continue, pois gostei muito de capas desenhadas a mão e ele pega bem o espírito de minhas ideias.

P.Z: No youtube, está disponível a música 'Hate, blasphemy and blood', um verdadeiro tormento, com pegada rápida e arrastada, remetendo a uma mescla de Black e Death metal do fim dos anos 80, mas com uma aparência bem particular. O que as pessoas em geral acham desta música? Você poderia dizer que está entre os grandes hinos do IMPERFECT SOULS?

Lucas: Até o momento não tive críticas negativas desta faixa, o que pra mim é motivo de muita honra. No geral a faixa esta sendo muito bem recebida, particularmente gosto bastante dela e com certeza já é uma faixa clássica em nossas apresentações. No entanto, todas as faixas que fizemos até hoje, creio que estão num mesmo patamar, até mesmo as das demos anteriores, com o aperfeiçoamento ao longo do tempo e nossa evolução própria, tem mais impacto ao vivo que tinham há tempos atrás.

P.Z: Todos na banda são adeptos do Metal oldschool, com bases simples, porém cativantes?

Lucas: Sim, mas curiosamente cada um a um estilo, eu mesmo gosto muito de Black metal, apesar de ouvir muito Death metal também, o Michel gosta muito de Death e o Léo de Trash, apesar de que todos nós ouvimos desde Rock 'n' roll até os estilos mais extremos, pois há muitas bandas fodidas em vários estilos, que merecem nosso respeito e admiração!

P.Z: Logo após o lançamento da demo citada anteriormente, o guitarrista Leonardo (também batera da banda BREACKNECK), entrou para o IMPERFECT SOULS. O que isto representou musicalmente para vocês?

Lucas: Nós já estávamos trabalhando com duas guitarras e sem baixo, por isso quando ele entrou só demos continuação ao que estávamos fazendo. Hoje como Power trio e com ele como baixista acrescentou muito pra nós, pois ele é realmente o único músico da banda, o único que realmente entende da parte teórica. Já eu e o Michel aprendemos sozinhos e tudo o que sabemos é de ouvido mesmo, então facilita bastante na hora de compor, pois nem precisa falar que ele já sabe o que tem que fazer para o baixo soar bem.

P.Z: Já em 2007, ao passo que Leonardo deixou a banda, vocês lançaram seu segundo registro, a demo ao vivo “Sabbat”. O que você acha deste trabalho? Ele teve melhor repercussão que o primeiro?

Lucas: Teve melhor repercussão, até mesmo por que teve mais cópias que a anterior, e creio que pelo fato de ser uma demo 100% ao vivo, sem nada de adicional ao que foi o show. Eu gosto da demo no geral e as faixas 'Sabbat' e 'Dick in the ass of Christ', temos intenção de regravá-las para ter melhor qualidade, pois são faixas que muito dizem a nosso respeito, e marcaram bastante a época que as compusemos!

P.Z: O que você pensa da cena atual do metal nacional?

Lucas: Fodida!! As bandas estão com um nível muito alto, tem muita banda foda hoje em dia, o que falta é mais respeito e força de vontade tanto por parte das bandas quanto dos bangers. Às vezes, tu vai em um festival com muitas bandas boas mas não tem público, algumas bandas tocam e vão embora, como se as outras a se apresentar em nada acrescentassem. Isto é um fator muito negativo, além de que muita banda hoje só lança material on line e esquecem daquelas que realmente fazem mover a cena!

P.Z: O IMPERFECT SOULS, tem já um espaço no underground, tendo como prova disso, a participação com a música 'Dick in the ass of christ', na compilação “Hell compilation”, realizada pelo selo Music Reunion. O que esta compilação representou em termos de propagação do nome de sua banda?

Lucas: Olha, as compilações são sempre positivas para as bandas, pois cada uma que participa ajuda a divulgar a todos que ali estão. Devido a compilação ter sido distribuída em vários países, com certeza ajudou bastante a divulgar o nome da banda, mas em termos de novos contatos confesso que o retorno foi pouco. Mas também creio que nós fomos a única banda a entrar com uma gravação ao vivo e sem muita qualidade, então no geral foi o que esperávamos mesmo.

P.Z: Você é mentor do fanzine Under the eternal flames, que divulga bandas da nossa cena, e também contém críticas sobre livros, cinema, etc. Como surgiu o interesse em fazer este zine? Qual a proporção de conhecimento do mesmo no meio do Metal?

Lucas: Eu escrevo cartas e pego zines desde 94, e fui me interessando cada vez mais pela ideia de fazer um. E depois de lançar a primeira edição, percebi que tinha obtido um resultado até acima da média do que esperava. Hoje as pessoas me escrevem interessadas em adquirir, oriundas de lugares que antes nem imaginava que o zine poderia chegar, com Cuba, Espanha, México, e até já me fizeram propostas para fazer uma edição em inglês e português para ter distribuição a nível mundial. Entretanto não é esta minha intenção e sim de seguir conforme posso, pois como você mesmo sabe, fazer um zine exige tempo e grana, coisas estas das quais não disponho, e também sou brasileiro, então logicamente o zine sempre será em nossa língua mãe! Mas só tenho a agradecer a todos que me apoiam nesta jornada, tanto pessoas que adquirem o meu material quanto aos que se interessam em divulgar seus materiais no mesmo, e as bandas que cedem seu tempo a este humilde artefato!

P.Z: Agora em 2010, vocês lançaram o 3° registro da banda, “Blasphemy aliance”, com músicas gravadas ao vivo em estúdio e em forma de split com a banda BREACKNECK. Nota-se neste trabalho que o som de vocês continua direto, mas que amadureceram em termos de composição. O que você pode nos dizer sobre isto?

Lucas: Creio que seja natural o amadurecimento, pois com o tempo vamos nos tornando melhores instrumentistas e as ideias para composições vão se tornando mais fáceis. Antes imaginava um riff mas não sabia como executar, hoje vem a ideia e já sei onde está aquele som no instrumento. Mas pra mim, o que realmente importa é manter a ideia intacta, continuar sempre fazendo músicas diretas e sem frescuras, músicas de banger para banger.

P.Z: Vocês tem planos para outros splits com bandas nacionais? E um full lengh?

Lucas: No momento pensamos em gravar músicas novas que já temos prontas, mas ainda não sei como lançar. Split é muito bom, pois ajuda as duas hordas ao mesmo tempo, e se tivermos oportunidade com certeza lançaremos outro. Já temos quantidade de faixas suficientes para um full lengh, só não sei quando conseguiremos lançar tal material. A questão financeira sempre é muito difícil para as bandas, e os custos com estúdios geralmente são caros e hoje em dia creio, ser raro um selo que banque uma banda neste aspecto.

P.Z: O IMPERFECT SOULS, é um exemplo de raça na luta por espaço no underground, pois os únicos veículos de divulgação da banda são a distribuição de demos, matérias em fanzines e o tradicional boca a boca. O que você pensa sobre a divulgação pela internet, tão comum hoje em dia?

Lucas: Olha, não sou contra a divulgação na internet, só acho que uma banda tem que ter história, não importa se demorar 10 anos para lançar um álbum, mas que tenha passado, que tenha vivido as fases necessárias tanto para evolução como músicos quanto para se adquirir o respeito entre os bangers! E o Metal não nasceu na internet, portanto acho um erro os que acham que só devem divulgar na internet. Usada com inteligência a internet ajuda muito, mas não se deve depender somente dela!

P.Z: Qual sua posição quanto a banda não ter um myspace, visto que esta é uma opinião acerca da qual sei que você é bem firme?

Lucas: Justamente pelo que disse anteriormente. Eu não ouço som no myspace, gosto de ter o material em mãos ou nada Você faz um myspace na intenção de divulgar, mas daí tem que disponibilizar tudo lá. Assim, quando lança um material, as pessoas acabam tendo muitas vezes menos interesse, por que a maioria das pessoas vão baixar e deixam de lado o lance de ter o material completo em mãos. Deixo claro que não é um ponto de vista pelo consumismo, somente o velho espírito de ter os materiais pelo simples gosto de pegar, ver os detalhes das capas, encartes e tudo o mais. Quase todos hoje tem um myspace, e no fim das contas tem tanta coisa lá que fica praticamente impossível de digerir tudo. Além de que tem de ter tempo pra ficar atualizando e fazendo com que as pessoas tenham interesse no que está disponível. Gosto da maneira simples da divulgação, e para o que temos intenção tem dado certo, por isso não tenho intenção de mudar, e no mais, quem realmente se interessa pelo som procura ir atrás, independente de como ele esteja sendo divulgado. Não sou contra as bandas terem myspace, só não é este o meio que o IMPERFECT SOULS procura para manter a luta pelo espaço no underground.

P.Z: Quais são os planos para 2011, que já está batendo a porta?

Lucas: Pretendo gravar nossa próxima apresentação e lançar mais um material ao vivo agora em 2011, e no mais continuaremos em nosso ritmo de ensaios e composições, e levar o caos sonoro ao vivo em nossas apresentações sempre que possível. Se tudo correr como planejamos, até o fim de 2011 retornaremos ao estúdio para gravar as novas faixas, só não sei se as lançaremos neste ano e o formato de material que será lançado.

P.Z: Lucas, valeu pela entrevista, fidelidade ao som e reconhecimento pra vocês?

Lucas: Écio, eu é que só tenho à agradecer pelo apoio e oportunidade cedidas a nós. E também a todos os bangers que tem nos apoiado ao longo dos anos, sempre nos dando força e incentivo para continuar nossa batalha, sempre com a máxima fidelidade e honra a nossos princípios! Aos que se interessarem em conhecer a horda basta entrar em contato. Trocas de material são sempre bem vindas! ETERNAMENTE UNDERGROUND!!!!!!!!

Contato:
lucas_imperfect_souls@yahoo.com.br