Por Écio Souza Diniz
O Uganga é daquelas bandas inquietas para a qual o conformismo artístico não é uma opção, sobretudo, para o vocalista e fundador Manu "Joker" Henriques. Isso é um dos fatores que torna essa uma das bandas brasileiras mais criativas da atualidade, evoluindo a cada trabalho. Inclusive, no presente álbum se nota claramente uma evolução sonora em relação ao EP “Libre” (2022). Parte significativa dessa evolução observada em "Ganeshu" também é atribuída a um novo ciclo artístico e uma reafirmação da força da banda após três décadas de carreira. Mudanças profundas ocorreram nos anos recentes (ex: a saída do baterista Marcos Henriques após 21 anos na banda), levando a reformulação total que resultou na permanência somente de Manu. Quando se escuta Ganeshu do início ao fim se percebe que as músicas fluem e tudo se encaixa, tornando-o assim, uma catarse e prova de resiliência perante a mudanças profundas. A sonoridade forte, firme e consistente do álbum resume tudo isso. O início com "A Profecia" chega como uma pancada certeira numa pegada mais HC com o peso do thrash. De cara já é uma das melhores do álbum. No rastro vem "Confesso" com uma bateria potente e quebradas de tempo bem colocadas. "Tem Fogo" é daquelas que instiga quando ouve e facilmente crava na cabeça. O convite ao mosh e bate-cabeça com "Exu não passa pano". Embora haja destaques como esses citados, Ganeshu é bom de se escutar no "flow" do início ao fim. Já dizia Bruce Lee: "seja como a água, sem forma e moldável a qualquer circunstância". Assim caminha o Uganga.
