Apokalyptic Raids - O Apocalipse no death metal

















Atualmente, o metal extremo têm sofrido bastante com a falta de originalidade, o que está constatado principalmente no Death metal. Estilo este, no qual muitas bandas se focam no peso e virtuosismo, deixando carecer o feeling que nos faz ter nas veias, a sede e vontade de agitar em um mosh apocalíptico e bater cabeça.

Com a proposta de manter vivo e resgatar o vigor, forma orgânica e sonoridade soturna e agressiva do Death metal primordial dos anos 80, a banda carioca Apokalyptic Raids vem se destacando na cena underground dentro e fora do país, conquistando leais seguidores. Falando conosco sobre os 12 anos de estrada da banda, a cena atual do metal e o lançamento do quarto disco da banda, Vol.4-Phonocopia, temos o vocalista/guitarrista e líder, Leon Mansur, “Necromaniac”.

Pólvora Zine: Olá Mansur, como vai? Gostaria de começar, perguntando como você visualiza o atual momento do Death metal e do Metal em geral?

Leon Mansur: Hell-o! Estamos ainda numa indefinição... Os headbangers dos anos 80 agora estão com seus 40 anos, ouvindo classic rock, metal e tudo mais. A geração dos anos 90 fez muita produção, mas falhou em nos dar algo de original, com a técnica sendo colocada em primeiro plano. A geração dos anos 2000 tem muita informação nas mãos, mas ainda não tem maturidade para apresentar um conteúdo interessante. Então, vamos ter que esperar pra ver o que vem por aí. Nossa parte garanto que estamos fazendo!

P.Z: Agora, falando sobre a banda, vocês completam neste ano, 10 anos do lançamento do clássico debut “ONLY DEATH IS REAL”. Há preparação de algo especial para comemorar esta primeira década do referido álbum?

Mansur: Sim e não... O que há de especial para comemorar é lançar mais um álbum, o nosso quarto, mais alguns split eps, incluindo regravações do Only Death is Real e esperamos superar os anteriores e cair na estrada!

P.Z: Já algum tempo, vocês selaram contrato com a gravadora americana HELL’S HEADBANGER, que fará reprensagem dos albums da banda em LP (hoje todos esgotados). Como tem sido esta parceria?

Mansur: Ainda não terminamos os layouts dos relançamentos, pois estamos dando prioridade ao disco novo, mas sim, a Hell's Headbangers é muito respeitada e temos contato com eles há muitos anos. Portanto, creio que teremos a devida exposição destes relançamentos.

P.Z: Ainda me lembro que no início das atividades com o primeiro disco, muitos radicais ignorantes acusaram a banda de falta de originalidade e estar fazendo o que já fora feito. O que ao contrário do dito, há muitas particularidades e coisas originais na sonoridade da banda, que podem ser notadas nas letras (exemplo de Angels of hell), solos harmoniosos e bem trabalhados e uma bateria com muitas variações. De que forma você reagia respondia a todas essas acusações?

Mansur: Bom, agora já passados 10 anos, se é que algum destes críticos ainda curte som, continuamos firmes em nossa proposta. Fazer o que já foi feito, mesmo, é o que 99% das bandas de metal extremo fazem. Nós continuamos (de uma maneira até bem original, como mostramos no terceiro álbum) uma proposta que não foi desenvolvida o suficiente, pois tudo foi americanizado e atropelado pela técnica no fim dos anos 80. Ninguém é obrigado a gostar ou aprovar, mas ouçam antes de julgar.

P.Z: Querendo realmente manter o espírito oitentista do metal, vocês lançaram o segundo álbum da banda (The return of the satanic rites) em cassete pela gravadora Polonesa TIME BEFORE TIME. Também consolidaram contrato com a gravadora DARK SUN. Como tem sido trabalhar com eles? E quanto Time Before time, a parceria ainda se mantem?

Mansur: Não, a Dark Sun é página virada. Não podemos trabalhar com quem não é profissional e não cumpre prazos, nem dá uma satisfação, pois isso nos causa grandes prejuízos... Quanto a Time Before Time, a parceria foi apenas para aquele lançamento. Eu até tenho os layouts prontos dos demais álbuns em tape, mas ultimamente tem sido difícil achar tapes para comprar. Eu não sou particularmente fã do formato tape, mas se puder faremos o lançamento.

P.Z: A banda contou com a presença do jovem baterista Pedro Rocha “Skullkrusher”, da excelente banda de Trash metal, FARSCAPE, que foi substituído por Márcio Cativeiro “Slaughterer” (Cadaveric impregnation, Internal bleed), que ainda permanece na banda. Apesar do ótimo trabalho que o Pedro fez no 2º álbum e o 3° (The third storm-World war III) em músicas como Ready to go (To hell), Skullkrusher e Manifesto politicamente incorreto. Como foi trabalhar com ele? E como o Márcio (Cativeiro) tem se saído com a banda?

Mansur: O Pedro deu uma verdadeira injeção de ânimo na banda, durante um período crítico da nossa passagem para uma atividade mais profissional. O afastamento dele se deu por problemas familiares, de saúde, e começamos a treinar o Márcio para assumir o posto. Eu sempre faço questão de ter um ambiente de trabalho saudável na banda, e isto inclui levar em conta o lado humano dos integrantes. Não foi fácil, o Pedro é um excelente baterista, e o Márcio tem um estilo diferente, com bumbos mais pesados, e não estava acostumado aos nossos andamentos. Mas hoje, 2 anos e meio depois, posso dizer que o Márcio está tão integrado ao nosso som, que nem parece que passamos por mudanças tão estruturais. Já há quem diga que estamos melhores que antes. Ele está se mostrando um cara versátil, adequado ao nosso som, e está atingindo uma maturidade até para compor e quem sabe cantar algum som na banda.

P.Z: Vocês vêm realizando shows para públicos cada vez maiores, com cerca de 3.000 pessoas para mais. Também abriram shows de bandas respeitadas como Possessed (em 2008) e Onslaught (em 2009). O quanto esta exposição da banda a tem ajudado a conquistar novos e maiores públicos?

Mansur: Na verdade, 3.000 pessoas foi o recorde, no dia a dia pode ser bem menos. A diferença é que depois de todos esses anos, os shows estão mais freqüentes. E sim, precisamos nos manter tocando porque sempre aparecem novas gerações de headbangers e temos que estar presentes. Em que pese o fato de que com a crise do CD, o mercado tem se voltado cada vez mais para os shows, causando um congestionamento nos palcos, e fatos esdrúxulos como bandas que pagam pra tocar.

P.Z: Houve também a produção dos Show da volta do Vulcano e Chakal, como foi o processo para realização deste importante evento?

Mansur: Eu tinha contato com o pessoal do Chakal, desde os anos 80 quando eu acompanhei a banda de perto. Também acompanhava o Vulcano, mas o contato apareceu através de um amigo de uma banda norueguesa que tinha o e-mail do Zhema. Assim, conseguimos costurar um acordo que nos proporcionou aquele evento histórico, alugamos o som e o local e fizemos acontecer.

P.Z: O Only death is real, fora o principio de tudo, cativando os ouvintes por sua sonoridade crua e agressiva, visto também os demais álbuns e conseqüente evolução de lá pra cá. Qual você julga ser o melhor e mais completo álbum da banda, no sentido de elementos que você gosta de acrescentar a música?

Mansur: Eu não curto muito o Only Death is Real porque tem algumas coisas muito falhas na produção dele. Tem bateria desencontrada, vocais mal colocados e toda a nossa imaturidade na época. O disco que eu mais curto é o The Third Storm, porque ali a banda estava bem redonda. Tenho orgulho da nossa performance naquele álbum. Incidentalmente, ele é o mais variado, por uma necessidade de expandir o estilo mantendo a sonoridade. O segundo disco, The Return Of The Satanic Rites é um álbum de transição, muito importante, porque contém as 2 músicas que foram compostas para a banda propriamente dita , e não composições antigas: Ready To Go To Hell e Voyeur. Quanto à produção, ele se situa no meio do caminho entre o 1º. e o 3º. álbuns, mas eu creio que mais para o 3°. Eu curto acrescentar alguns efeitos sonoros que deixem o álbum com uma certa cara de filme de horror.

P.Z: Quando sairá o novo álbum “Vol.4-Phonocopia” e o que podemos esperar encontrar nele?

Mansur: O novo álbum já está gravado, mas atrasou devido a alguns problemas que tivemos pelo meio do caminho. Estamos no layout da capa e masterização, e queremos lançar o mais rápido possível. Este disco está mais direto do que o The Third Storm e agressivo como o Only Death is Real, mas com um know how que demoramos estes 10 anos pra atingir. Tomamos mais cuidado do que nunca na composição, e temos tocado os sons ao vivo, e o público tem aprovado.

P.Z:Para finalizar. Quero que nos fale qual é gratificação depois de 12 anos na estrada (oficialmente) e o que está por vir neste ano, além é claro do novo álbum?

Mansur: Como eu disse, temos esses splits pra sair, além do álbum novo, e no mais é pegar a estrada e tocar no maior número possível de lugares. Nossa maior recompensa é ver no olhar dos headbangers a cumplicidade numa música que, muito mais do que entretenimento fácil, é arte, e um reflexo do nosso modo de vida e contribuição pra construção de um ser humano que valha a pena.

Vejam nosso novo site em www.apokalypticraids.com

Valeu!

PZ: Bem, obrigado pela entrevista Mansur. Sucesso pra vocês.