HATEFULMURDER: Um passo à frente na carreira!


Por Ramon Teixeira
Atarefado em promover o debut No Peace (2014) e levando à loucura o público por onde passa com seu Thrash/Death metal de qualidade, inclusive tendo também o álbum lançado nos Estados Unidos, a banda carioca HATEFULMURDER esteve em março em Conselheiro Lafaiete-MG para se apresentar no tradicional Rising Metal Fest já em sua 14ª edição e Thomás Martinoia (bateria) e Renan Campos (guitarra e backing vocal) – completam a banda Felipe Lameira (vocal) e Felipe Modesto (baixo) – falaram com exclusividade para o PÓLVORA ZINE sobre o novo trabalho, a No Peace tour e os planos para o fururo.
Pólvora Zine: O lançamento de No Peace (2014) tem sido bem recebido pela crítica especializada e pelos fãs. O que isso representa para a banda?
Thomás Martinoia: Isso representa um passo à frente na nossa carreira. Nesse disco a gente definiu melhor a sonoridade da banda e com isso veio também o fechamento com a Cogumelo Records aqui em Minas, que também abriu portas para a gente e a recepção do público é tudo de bom, tudo que a gente sempre quis. 

Renan Ribeiro: O disco foi lançado também nos Estados Unidos pela Grey Haze Records que é parceira da Cogumelo, e em dezembro na Europa. A gente tem recebido respostas bem positivas. Desde a época do The Wartrail (2012) nós conseguimos alcançar outros públicos, e a galera que na época não se ligava muito, agora com No Peace passou a apostar mais, a elogiar. Nós conseguimos expandir os horizontes, o disco está mais Death metal. O alcance foi maior e isso é legal.
P.Z.: O disco foi produzido pela banda em parceria com Fabiano Penna (UNERTHLY, ANDRALLS, THE ORDHER, etc.). Quais foram os benefícios dessa parceria para o resultado final do novo trabalho da banda?
Thomás: O Penna sabe tudo de Death metal. Ele é um cara que está na cena há muito tempo, conhece muita coisa, então foi o nome que a gente buscou para esse trabalho e a gente trabalhou junto com ele tentando ir em direção a uma sonoridade um pouco mais moderna, apesar do No Peace ter uma pegada também old school.
Renan: Sabe, tem a questão das influências também. Por gostarmos de Death metal escutamos bandas que vão de blues até sons mais atuais. Temos referências de bandas dos anos 80, anos 90 e para o disco queríamos uma roupagem um pouco moderna, mas também uma linguagem de Death metal clássico.
Thomás: Dessa forma, o Penna foi o nome ideal para trabalhar essa parada. A gente trabalhou com ele remotamente – ele estava em São Paulo e enviamos os arquivos para ele do Rio de Janeiro – e fluiu, ele mixava e passava pra gente, a gente comentava e foi.
P.Z.: Em 2012 a banda sofreu uma perda, o falecimento do baixista Ernani Henrique. Como foi superar essa perda e chegar a uma obra do calibre de No Peace?
Renan: O estágio que o Ernani se encontrava era uma coisa muito ruim, ele se afastou da banda. A gente contou com um amigo nosso lá do Rio (o produtor Romulo Pirozzi) pra fazer a tour (à época a “Wartour”). Fomos até o nordeste passando pelos estados todos e já era um pouco esperado, mas a gente sempre fica na esperança que o quadro melhore, o quadro mude e possamos continuar caminhando com nosso irmão. Cara foi foda, mas uma coisa que ele me pediu foi pra gente continuar o trabalho independente do que acontecesse, então não é um legado meu, do Thómas, do Felipe (Lameira), é um legado do cara também. Ele participou das composições do disco e, assim, o disco é uma homenagem a ele. Ele compôs com a gente, nos reuníamos na casa do Thómas para fazer jams e o cara também foi junto. Falando como amigo, foi foda, demorou um pouco cair a ficha. O lance de continuar a banda falou mais alto pelo fato de ele ter pedido isso também.
Thomás: A gente sabia que ele ia querer isso, inclusive pensamos muito nele quando estávamos gravando o baixo do novo álbum. Quem gravou foi o Romulo, que era um grande amigo dele. A alma do Ernani vai estar sempre presente.
Renan: As linhas de baixo foram inspiradas na maneira como ele executava. Seja daqui a trinta anos vamos estar no rolê e o legado vai ficar. Foi difícil lançar um disco sem o cara. É chato, dói, mas temos que continuar, então vamos botar a cabeça no lugar e fazer o trabalho pensando no nosso irmão e bola pra frente que as coisas vão acontecer. E esteja onde ele estiver – mesmo não acreditando em porra nenhuma – acho que ele gostou do disco.
P.Z.: Como tem sido a receptividade da “No Peace Tour” por onde vocês tem passado?
Thomas: Cara, absurdo. Especialmente lá no Chile, foi brutal. Tocamos para um público diferente, galera que curte Metalcore, tocamos para galera que curte old school também com as bandas locais da cena e geral curtindo.
Renan: O bacana é que lançamos o disco aqui no Brasil e o disco não saiu lá, a gente levou o disco para vender lá. O show de lançamento do No Peace foi no Chile. Lançamos aqui no Brasil abrindo pro EXODUS lá no Rio no Circo Voador, mas o disco ficou pronto, saiu nas lojas e saímos para a turnê. Foram três shows, em três lugares diferentes, em três estruturas diferentes, mas a energia do público do Chile, tipo, a galera é muito headbanger.
Thomás: É tipo a galera de Minas Gerais (Risos).
 Renan: Falou de metal, falou de SEPULTURA, SÁRCOFAGO os caras piram, o respeito é máximo em todo lugar, principalmente lá. Na América do Sul é muito forte isso. Lá no Rio também tem sido muito legal, temos feito bons shows. Antes de sair o novo disco a gente fez com o VOIVOD e o KATAKLYSM no Rio de Janeiro, e fizemos o VOIVOD também em Belo Horizonte. Em qualquer lugar que a galera chama nós vamos.
P.Z.: Em comparação aos dois antigos registros da banda – os EPs When the Slaughter Begins (2010) e o excelente The Wartrail (2012) – o que de novo o recente lançamento tem a oferecer?
Thomás: Acho que o No Peace traz uma identidade mais madura, mais tendendo para o Death metal porque era o queríamos fazer na época que a gente o compôs.
Renan: A essência da banda continua. Como o Thómas falou no The Wartrail e na nossa primeira demo ainda estávamos começando. No No Peace a gente já tinha feito shows, vimos como funcionam as coisas e já tínhamos certa noção na hora de compor o disco, fizemos as coisas com mais intenção: “vamos causar isso ao ouvinte”; “queremos expressar isso”. Ele é um disco conceitual, ele está todo conectado em termos de letras e conceitos. Acho que é um disco mais maduro, que mostra uma banda mais consciente do que quer fazer.
P.Z.: Quais são os planos futuros da banda?
Thomás: Vamos gravar um novo disco e fazer mais shows (risos).
Renan: Continuar divulgando o No Peace. Já estamos compondo, já tem material composto, mas agora a vibe é o novo lançamento.
P.Z.: Obrigado pela entrevista. A palavra é de vocês.
Thomás: Pra gente é um prazer conceder uma entrevista para o PÓLVORA ZINE, um nome que já está há bastante tempo no underground e vem fazendo um trabalho sério. Pra gente também é um prazer tocar aqui em Lafaiete no evento do Sabazinho (Sabazinho Produções), é sempre muito boa a recepção, ver a galera diferente é muito gratificante. Obrigado pela entrevista e vamos curtir metal nessa porra!
Renan: Vou resumir numa frase só: “metal nacional nessa porra e sem pagação de pau pra gringo”. É nóis!
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