Corpse Grinder: A luta do verdadeiro Death metal!!

Por Écio Souza Diniz

O Death metal em Minas, sempre foi um estilo bastante difundido, apresentando bandas de grande importância para o estilo, que executam esse tipo de som de forma autêntica e muitas vezes com características bem singulares. Algumas encerraram suas atividades, outras retornaram e outras estão aí desde o início, no final dos anos 80, quando o estilo ganhava mais força e passava por mudanças, sobretudo no peso. Aqui no Sul de Minas, uma das bandas que podem disfrutar do reconhecimento de estarem a mais de 20 anos na ativa, como perseverantes do Underground brasileiro, são os caras do Corpse Grinder, de Machado-MG. Para nos falar a respeito da carreira da banda, os lançamentos mais recentes, entre outras coisas, chamamos o guitarrista/vocalista Junior, que nos fala tudo de forma aberta e limpa.

Pólvora Zine: E aí Junior, como vai? Vamos começar falando sobre o último álbum de estúdio da banda, “Hail to death metal legion” (2007), sendo uma verdadeira saudação à legião do Death metal e teve também boas críticas em revistas especializadas em metal, como a Roadie Crew. Como tem sido o saldo deste trabalho: a recepção dos bangers, shows, divulgação?

Junior: Tem sido excelente em todos zines, revistas e websites e grande parte dos headbangers que compraram o “Hail to Death Metal Legion” pelo correio ou em nossos shows, escrevem dizendo que gostaram, qual foi a música que mais gostou e isto é muito gratificante, ver nosso trabalho, que é uma humilde homenagem de uma banda underground as legiões Death Metal de todo o mundo, que são os fãs, as bandas, selos e zines, ser reconhecido entre seguidores do Old School Death Metal de todo Brasil e até do exterior.

P.Z: “Hail to the death metal legion” mostra a banda em uma de suas melhores formas, com elementos que remete a banda em seus dois primeiros discos, com uma notável evolução nas composições, que são muito bem elaboradas, podendo compará-lo a clássicos como, “Persistence (2001)”. Este foi um processo natural alcançado ao longo de todos esses anos ou foi algo intencional mesmo?

Junior: Com certeza a evolução nas composições foi algo alcançado naturalmente, com muita luta e dedicação ao longo de nossa carreira. A nossa intenção é sempre melhorar as composições, sempre evoluir, mas sempre tocando o verdadeiro Death Metal. Eu digo evoluir em termos de técnica, produção, mas sem deixar de ser pesado e sempre tocar Death Metal puro e simples como nos anos 80. Isto é ser uma verdadeira banda de Old School Death Metal, que nunca se importa com qual estilo esta sendo mais divulgado na mídia especializada e nunca absorve essas modas que surgem na mídia, que alguns críticos dizem que é o futuro ou a evolução do metal. Eu acho que para o Metal verdadeiro não existe evolução, porque já é uma coisa perfeita e o Metal verdadeiro para mim é um só, Metal é “Old” não é “new”!!!

P.Z: Algo interessante que vejo e interpreto quando ouço o Hail... é que ele segue cru até quase que a metade do set list e vai crescendo em técnica e densidade dali para frente, com composições até meio cadenciadas. Isto pode ser visto ao comparar-se músicas como I despise the human hate (que abre o disco) e Sinister winged minstrel com a faixa-título e Deceivers of the faith. Qual foi o propósito de se fazer um álbum com esses dois contrastes? Vocês quiseram mostrar o estilo em sua forma mais primitiva contraposto com a mais elaborada?

Junior: Não teve propósito nenhum, nós simplesmente escolhemos a ordem das músicas sem escolher qual é mais elaborada ou mais primitiva. Você fez uma observação interessante, mas foi simples coincidência as músicas mais cruas e diretas ficarem no início do álbum e as mais elaboradas mais para o final.


PZ: Agora falando do lançamento mais recente, o “DVD 20 years grinding corpses”, além ter comemorado os 20 anos da banda e ser um importante registro, foi também um bom presente aos seus fãs. Fale mais aos Headbangers sobre este DVD: o que o compõe, de que forma foi lançado, como adiquiri-lo... E como o tem sido o interesse do público underground em adquirir este material?

Junior: Este é um material duplo com um DVD e um CD. O DVD tem como show principal um show que fizemos no Hammer Rock Bar em Campinas-SP em Novembro de 2007, tem como bônus um show em Cuiabá-MT, no Cavernas Bar em Abril de 2008, tem dois clips das músicas “Sinister Winged Minstrel” e “Imminent War”, Tem shows antigos, sendo uma música de cada, em Passos-MG 1994, Rio de Janeiro 1998, Ribeirão Preto-SP 2001, Taguatinga-DF 2002, galeria de fotos e discografia. O CD é composto por músicas antigas re-gravadas, sendo uma de cada demo e de cada cd lançado e encerra com dois covers do Death – “Baptized in Blood” e Massacre – “Cryptic Realms”. Este material também foi lançado pela Kill Again Records e para adquiri-lo é só escrever para nós por carta ou e-mail (c_grinder@bol.com.br), que enviamos para qualquer parte do Brasil, o preço é 25,00 já incluindo despesas de correio, portanto um preço bem barato em se tratando de um material duplo, original e com encarte de 12 páginas com fotos da banda e dos lançamentos de cada época. O público underground tem se interessado bastante em adquirir este material, pois os DVD/CD’s que tenho comigo para venda já estão esgotando e na Kill Again Records as vendas também estão surpreendendo. Eu acredito que isto é devido a ser um material com uma apresentação e produção excelentes e isto está ajudando bastante. Até agora as críticas nos zines, revistas, websites e de headbangers que compraram tem sido muito boas.

P.Z: Vocês realizaram ótimos shows, ao longo dos anos, principalmente aqui no Sul de nosso Estado, incluindo o último que fizeram aqui em Lavras, que pude presenciar. Você pode citar um show memorável para a banda?

Junior: Felizmente nós fizemos muitos shows bons no Sul de Minas e em outros estados e fica até difícil de citar só um. Um show que foi muito importante para nós foi em Brasília (Taguatinga, 2002), quando abrimos o show do Vader e Chakal, o público estava muito bom, muito animal e foi inesquecível ver o público gritar nosso nome praticamente na mesma intensidade que o nome da banda principal.
Os shows que fizemos em Lavras também foram muito bons, principalmente os que rolaram no Karambas bar. Nós sempre tivemos muita amizade aí em sua cidade e toda vez que íamos tocar aí nos sentíamos em casa. Mande um abraço para o Tilú, Caíto, Adriano, Geo, Kal, Junior, Beto, Jorge, Vandinho, Digão, Alessandro e toda galera banger daí de Lavras.

P.Z: Também já tocaram com bandas importantes da região, como o Human Hate (Lavras-MG) e Decerebration (Três Pontas-MG), que ainda estão na ativa. Como é dividir o palco com bandas como o Human Hate, que retornou ano passado e estão aí na luta? Qual importância você enxerga no retorno de bandas que deram sua contribuição verdadeira ao Metal?

Junior: Eu acho muito legal ver grandes bandas do underground sul mineiro, que junto com nós ajudaram a fazer a história do movimento Metal Underground em nossa região estarem de volta. Na verdade eu acho que essas bandas nunca deveriam ter parado, mas cada um tem suas dificuldades e problemas particulares, que os obrigam a encerrar as atividades e não cabe a ninguém ficar julgando porque pararam, cada um sabe da sua vida. Mas o importante é que estão aí de volta ajudando a fortalecer a cena da região e seria um grande prazer para nós tocarmos com o Human Hate e Descerebration novamente, tomarmos muita cerveja e lembrarmos dos velhos tempos.

P.Z: Falando em Metal como um todo, como você enxerga a Cena atual, visto que em muitos aspectos falta de honestidade em várias coisas que são feitas hoje? Em contrapeso a isto, há também, o surgimento e reaparecimento de Bangers que seguem as linhas Oldschool do metal, devido a ascensão que este movimento está tendo novamente. Será que este “retorno as raízes” pode contribuir pra restabelecer bons moldes à cena nacional?

Junior: Eu acho muito melhor ver novos bangers surgirem interessados pelo Metal raiz do que se todos caras mais jovens fossem somente tudo um bando de emos viadinhos ou new merdas alternativos. Muitos caras das antigas que estão à muito tempo na cena discriminam a molecada que usam coletes jeans novos cheio de patches e se interessam pelo metal old school, mas eu acho isso uma ignorância, porque quem gosta realmente do metal raiz nunca quer vê-lo em extinção e para que isso não aconteça tem que sempre estar surgindo novos fãs para ajudar a eternizar o verdadeiro metal. Eu nunca quis ver o metal como um estilo popular, isso não tem nada haver com o underground, mas a necessidade de novos fãs é indispensável para as bandas continuarem a fazer shows, gravarem novos álbuns, os selos contratarem novas bandas, as revistas, zines e websites estarem sempre na ativa e assim o metal sobreviver.

P.Z: Já fazem mais de 20 anos que o Corpse Grinder está na estrada, com um início bastante cru e agressivo, como nas demos “Necropsy (1990)”, a que mais curto, e “Peace (1991)”, o caminho no cenário underground foi aberto, chegando a patamares superiores com os álbuns “Persistence (2001)” e “Celebration of hate (2003)”. Como é o reconhecimento e qual a maior vitória para a banda após todo este tempo percorrido? O que você acha do atual momento vivido pela banda?

Junior: O momento atual está muito bom, estamos com um novo baterista chamado Kleber, que já está a mais de um ano na banda, estamos ensaiando e compondo novas músicas para o próximo álbum e iremos para o estúdio no segundo semestre deste ano. Legal saber que você gosta da “Necropsy” nós regrávamos a música título desta demo no CD do nosso ultimo material “20 Years Grinding Corpses”. É muito bom ter o reconhecimento das pessoas que valorizam o Metal, principalmente para nós que estamos lutando por isso a mais de 20 anos, porque reconhecimento é a única coisa que uma banda de Death Metal Underground nacional pode esperar, porque se existe alguém que toca em alguma banda de Death Metal no Brasil, esperando ganhar dinheiro esta no lugar errado e viajando totalmente. Nos shows até hoje as pessoas pedem músicas do “Persistence”, do “Celebration of Hate” e até das demos. No show em Cuiabá fomos para tocar 12 músicas e acabamos tocando 19, porque o público não deixava a gente parar e na ultima música pediram para tocar “Shadows Land”  de novo e eu anunciei como “Shadows Land Again”,isto é um grande exemplo de reconhecimento, que nos faz continuar sempre firmes em nossa luta no Underground.

P.Z: A banda só veio a lançar o primeiro álbum, “Death or glory” em 1996, quais foram os maiores caminhos percorridos até esse momento? E o lançamento do ótimo ao vivo, “Underground Celebration live (2003)”, qual a importância este disco tem pra vocês? A propósito, qual o melhor disco da banda segundo sua visão? Qual diferencial ele tem que te agrada?

Junior: Cada lançamento foi muito importante para nós na época que foram lançados, porque nós fizemos o melhor possível, o que estava ao nosso alcance. Até chegar no Death or Glory, nós lançamos 4 demos oficiais e sonhávamos um dia lançar um 7 EP e ou até um LP e resolvemos enviar a demo 94 para Heavy Metal Rock, para ver se seríamos escolhidos para participar do “Death or Glory vol.2” e fomos escolhidos e logo em seguida fomos gravar em São Paulo, em Março de 1995, e logo enviamos o material para o selo, só que o lançamento saiu somente em Agosto de 1996 e durante este tempo de espera enfrentamos muitas críticas e gozações aqui em nossa cidade, porque ninguém aqui da região do Sul de Minas havia gravado CD ainda, nem de estilos comerciais como sertanejo ou samba, então a maioria das pessoas achavam que era mentira. Quanto ao cd demo ao vivo “Underground Celebration live 2003” foi gravado em um dos primeiros shows que fizemos para divulgar o “Celebration of hate” aqui em Machado, e teve uma excelente divulgação na época porque foi distribuído grátis anexo ao zine Metal Blood, que é o zine do nosso selo Kill Again records e foi de grande importância para a divulgação do Corpse Grinder na época.
O melhor disco de músicas inéditas na minha opinião é o “Hail to Death Metal Legion”, mas eu prefiro o CD de músicas re-gravadas que saiu junto com o DVD do nosso novo material, porque nele estão as principais músicas da nossa carreira, com a produção atual, bem superior as originais, aliada a nossa técnica que melhorou bastante, então é como se eu voltasse no tempo para poder refazer as músicas que mais gostava e colocar todas em um só álbum, por isso o CD do “20 Years Grinding Corpses” é o meu preferido.   

P.Z: Valeu aí pela entrevista Júnior, sucesso e persistência pra vocês. Para encerrar, fale sobre os planos futuros da banda. O que podemos esperar? Algo em especial para este ano?

Junior: Nossa prioridade no momento é terminar a ultima música que fará parte do próximo CD, que como já disse, iremos gravar no segundo semestre deste ano e ensaiar bastante para os próximos shows, para poder mostrar o melhor de nosso som aos verdadeiros headbangers. Um novo álbum este ano será difícil, mas podem esperar muito Death Metal Ortodoxo nos próximos shows, feito de headbanger para headbanger! Valeu pela oportunidade desta entrevista!  

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