TUATHA DE DANANN: “o alvorecer de um novo sol”!


Por Écio Souza Diniz
 O TUATHA DE DANANN hoje é uma referência nacional, sendo considerado pioneiro na arte de praticar Folk metal no Brasil. Entretanto, em 2010 foi anunciada uma pausa nas atividades da banda, gerando dúvidas e incertezas nos fãs. Finalmente, este ano a banda anunciou decididamente seu retorno e para mostrar que a coisa é séria lançaram recentemente o Single Dawn of a new sun, contendo duas músicas inéditas, que também serão regravadas para o vindouro novo álbum. A banda manteve sua formação clássica composta Bruno Maia (vocal, guitarra, flauta, Banjo e Bouzouki), Rodrigo Berne (guitarra solo), Giovani Gomes (baixo), Edgar Brito (teclados) e Rodrigo Abreu (bateria), contando agora com seu companheiro de KERNUNNA, Alex Navar (Uilleann pipe e vocal). Neste descontraído papo Bruno nos fala sobre este retorno, além de outras curiosidades. 

Pólvora Zine: Qual foi a principal força motriz que proporcionou o retorno da banda?
 Bruno Maia: Na verdade, desde que eu saí da banda no final de 2010 e eles resolveram não prosseguir as atividades rolaram outros shows do Tuatha, principalmente no Roça ‘n’ Roll. Além disso, não propositalmente, o Tuatha acabou dissolvendo-se em duas bandas, o KERNUNNA (com o Edgard, o Rodrigo Abreu e eu) e o TRAY OF GIFT ( com o Berne e o Giovani). De uma forma ou de outra, essas bandas acabaram por trabalhar em material que seria usado no Tuatha, num suposto próximo disco. No KERNUNNA, tem cinco músicas que já estávamos trabalhando pro Tuatha e eu levei embora quando eu saí; no disco do TRAY OF GIFT tem duas. Isso tudo pra dizer que ninguém conseguiu se desvencilhar totalmente do caminho que já havíamos pavimentado com o Tuatha. Daí, como não existia inimizade e só alguns problemas que poderíamos resolver só conversando, juntado ao fato que quando tocávamos no Roça o retorno era super positivo e muitos outros convites começaram a pintar, nós vimos que era a hora de voltar a tocarmos juntos. Nos conhecemos desde muito novos, desde os 12, 13 anos….era o que estava pra rolar, e estamos aí.
P.Z: Como tem sido gravar novamente com o Tuatha? 
Bruno: É a mesma coisa de sempre, o que mudou, pra melhor, é que hoje estamos mais experientes com o esquema de estúdio e tudo mais.
P.Z: No tempo em que o Tuatha estava inativo, você fundou o KERNUNNA, que lançou um ótimo debut. Neste período você pensava em retorna com a banda?
Bruno: Pra ser sincero eu não pensava em voltar pra banda nessa época não. Eu deixei o Tuatha em dezembro de 2010, em 2011 e 2012 eu me envolvi com outros projetos da área audiovisual, estava terminando meu mestrado e mesmo assim compondo coisas diferentes pra um projeto futuro. O KERNUNNA acabou rolando, trouxemos o Khadhu (CARTOON) pra banda, o que nos trouxe muitas possibilidades musicais, visto o seu talento, além do Alex Navar, que já era meu parceiro no BRAIA. Eu estava super empolgado com o disco e ainda acho que é o melhor álbum que já lancei (sem sombra de dúvida), mas assim que o disco saiu, rolou esse lance da volta do Tuatha. Sem querer o Tuatha minou o KERNUNNA (risos). Mas o disco esta aí pra sempre e pretendemos fazer outros, com certeza. 

P.Z: Qual tem sido a reação das pessoas perante as duas músicas (Dawn of a new sun e We’re back) que compõe o Single Dawn of a new sun? Alguma delas tem se destacado mais?
 Bruno: Pelo que temos visto e recebido de feedback, as pessoas têm curtido bastante. Por mais que tenhamos ficado muito tempo sem lançar nada e mesmo fazendo muito menos shows que o desejado, muito em função dessa falta de lançamentos, temos visto que nossos fãs são os mais brutos que existem. Rola uma ligação muito legal entre nós e eles; não sei se é por conta do pioneirismo no estilo, do diferencial da banda mesmo dentro do tal do Folk metal, ou se pelas letras que evocam essa dimensão da magia e da natureza com que muitas pessoas se identificam, mas tem sido inacreditável. Acho que aWe´re back se destaca mais entre a galera mais nova, pois ela é bem pra cima, tem todos os elementos da banda ali e é tem um beat e batida bem com a cara das faixas de abertura do Tuatha; já Dawn of a new sun se destaca mais entre músicos e pessoas um pouco mais velhas, é uma faixa densa, pesada sem distorção e forte.
P.Z: As duas músicas são de sua autoria. Como foi processo de composição delas? E na hora de trabalhá-las com os demais? 
Bruno: A Dawn of a new sun a gente já ensaiava desde 2007, foi bem próximo ao nascimento da minha filha, e essa música é pra ela. Já a We´re back foi escrita recentemente. Essa, como outras do KERNUNNA, eu compus no piano. Por mais que eu não seja um tecladista ou pianista, eu sei me virar nas teclas, e acho que neste instrumento, até por eu não dominar tanto, eu tenho mais aberturas e as coisas rolam mais. Tem sido assim, doido, mas real. Quanto a trabalhar com os demais é o de sempre: eu componho já pensando num arranjo e dinâmicas finais da música, já sei mais ou menos o que é pra rolar, mas daí cada membro melhora a coisa trazendo umas ideias novas, sejam uns liks de guitarra, umas ambiências doidas de teclado, daí a coisa toda fecha.
P.Z: O que os fãs podem esperar em termos musicais do novo álbum que vem por aí? Há alguma referência que possa citar?
 Bruno: Nós queremos fazer nosso melhor disco, claro. Temos o material meio que pronto, só não começamos a gravar. Falando por mim, por eu ter lançado o KERNUNNA, estou mais aliviado em relação a uma parte minha de música mais progressiva, mais cheia de arranjos e essas doideiras e por isso o que tenho contribuído para a banda são músicas um pouco mais retas, mais Folk porém diretas. Cada membro tem uma pegada e um estilo de compor: as coisas do Berne são mais com guitarras, as do Edgard tem muito clima e viagem, o Giovani sempre nos surpreende aos 45 do segundo tempo com uma coisa inesperada e fera; vamos ver o que as pessoas acharão, mas entre nós, este disco tem o status de o melhor da carreira.
 P.Z: Recentemente o clássico álbum, Tingaralatingadun foi relançado pela Mafer Records em uma luxuosa versão em vinil, com encarte com letras e foto e disco verde. Fale desta parceria para este lançamento e como tem sido a demanda pelo disco.
 Bruno: Cara, muito massa esse lance do Tingaralatingadun ter sido lançado em vinil. Somos muito gratos à Maffer por ter lançado esse disco. Tem sido muito legal, as pessoas estão cultuando essa coisa do vinil, né? Acho que tem vendido legal….
 P.Z: Os demais discos da banda, especialmente o primeiro autointitulado e o The deliriun has just began… têm se tornado escassos. Há planos para relança-los também? 
Bruno: Precisamos urgentemente lançar esses discos, em breve o faremos.
 P.Z: Algo interessante sobre o Tuatha é que vocês são muito queridos em sua região no Sul de Minas e em São Paulo. Além destes, quais outras regiões e localidades a banda se destaca?
 Bruno: Realmente, em São Paulo temos muitos admiradores, em Belo Horizonte também, e no Sul de Minas especialmente. De cabeça assim eu não sei falar, mas tocávamos muito em Ribeirão Preto, fizemos muitas amizades por lá; em Brasília, sei lá… 
P.Z: Você tem uma boa amizade com Martin Walkyier (ex-SKYCLAD), que foi o fundador do estilo no inicio da década de 90. Você já pensou sobre ele fazer alguma participação em um disco do Tuatha?
Bruno: O Martin sempre foi um ídolo. Agora, além disso, é um amigo. É um cara muito legal, muito talentoso e acho que é o melhor letrista do Heavy Metal. Ele já topou participar do disco do Tuatha numa canção…vai ser foda. E temos falado de gravar um disco juntos, não sabemos ainda se será como Tuatha, THE CLAN DESTINED ou um projeto novo, vamos ver o que dá, será um sonho.
 P.Z: Tem havido tentativa de acordo com algum selo para o lançamento do novo álbum ou será algo independente? 
Bruno: Estamos pensando e pretendemos fazer tudo independente. A não ser que haja uma proposta muito legal de uma empresa pra poder assumir isso, do contrário vamos fazer nós mesmos.
P.Z: Nessa nova fase que banda parece revigorada, você concorda que seria o momento ideal para tentar investir em turnês na Europa, por exemplo? 
Bruno: Acho que seria legal se nós tivermos uma gravadora lá divulgando o disco, apoiando esse giro, com assessoria de imprensa, etc…Quando fizemos a turnê europeia no passado tínhamos uma gravadora legal, uma equipe massa pra viajar e foram shows que realmente ajudaram a sedimentar o nome do Tuatha por lá. Mas quando fomos, já havia um trabalho de divulgação dos discos, da própria turnê etc…Ir só pra falar que tocou na gringa e voltou não rola.