Por Écio Souza Diniz
O carioca Carlos Lopes, popularmente
conhecido como Carlos “Vândalo”, o líder da lendária banda de Metal DORSAL
ATLÂNTICA, sempre se mostrou um indivíduo artisticamente inquieto, polêmico e
inconformado. Para alguns é aquela clássica pessoa “ame ou odeie”, visto a
forma direta e contundente com que escreve suas músicas e livros e,
principalmente, aborda de forma crítica as mazelas sociais e desestabilizações políticas
que assolam o Brasil. E é exatamente sobre injustiças socais e a influência de
elites atrasadores do progresso (sensu Jessé de Souza no livro “A elite do
atraso”) nacional e escravizadores de boa parte do povo brasileiro que trata as
histórias em quadrinho contidas nessa primeira edição da revista Tupi Nambah.
Em boa parte das estórias que constituem os quadrinhos da revista, Carlos traça
um paralelo histórico numa aula de sociologia brasileira desde o primeiro
mandato de Getúlio Vargas até tempos atuais que culminam com retorno de anti-democracia,
fascismo, quebra de direitos trabalhistas, planos contra a ciência e a cultura,
censuras diversas e dominação religiosa. Além disso, há sessão em que há indicação
de livros de artistas e escritores brasileiros bem interessantes. De forma
geral, Tupi Nambah é traz um conteúdo para importantes reflexões acerca do
período que vivenciamos em nosso país, o que certamente desagrada diversas
pessoas que têm predileção pela onda ‘anti-intelectual’ enrustida na crença iludida
em uma farsa nacionalista tão bem propagandeada e aceita atualmente Afinal,
como é mencionado no início da revista “Não se trata apenas da sobrevivência da
comunicação em papel. É uma questão de sobrevivência de ideias”. E
sobrevivência de ideias é uma forma de resistir e manter a liberdade de
expressão em tempos de retrocesso. Em suma, o conteúdo da revista é indicado
para mentes críticas e anti-colonialistas.