Resenha: ROÇA AND ROLL 14ª Edição


Por Écio Souza Diniz

O Roça and Roll já se tornou uma tradição para os headbangers mineiros, e este ano na 14ª edição do evento, atrações de peso passaram pelos palcos tira couro e sete orelhas, e pela tenda combate. Você caro leitor, deve estar se perguntando o porquê dos palcos principais do evento atenderem por esses nomes. Essa é uma história interessante, pois os nomes foram baseados no mítico personagem sul-mineiro Januário Garcia Leal, popularmente conhecido como sete orelhas, pois após o assassinato de seu irmão, João Garcia leal, por sete irmãos que o amarraram em uma árvore (uma figueira, apelidada de Tira Couro) e retiraram toda pele de seu corpo. O personagem, Januário, na ausência de eficácia do sistema jurídico, decidiu tornar-se justiceiro e vingar o irmão, matando os sete assassinos, e arrancando-lhes as orelhas, com as quais fez um colar. Foi exibido durante o evento um documentário contando esta incrível história, que fora criado por Bruno Maia (KERNUNNA, ex-TUATHA DE DANANN), o organizador do evento. Muito louco o contexto abordado para o evento, não acha? Mas isto foi apenas uma das boas atrações que rolou na Fazenda Estrela.
DEADLINESS

            Ao chegar no local do evento, já me deparei com os veteranos do DZK, mandando seu punk direto e sem firulas, levantando a galera. Na tenda combate, rolou o Thrash metal bem feito dos mineiros do DEADLINESS, banda liderada por Roberto Antunes (ex-CALVARY DEATH) e seus filhos Igor (guitarra) e ícaro (baixo), e o time completado por Moisés (bateria) . Este foi um show para os fiéis ao underground.
DZK

Para os fãs daquele Heavy metal mais épico a lá BLIND GUARDIAN, os mineiros do LOTHLÖRYEN, que já estão virando tradição nas edições do Roça, não deixaram por menos e com muita energia mandaram músicas dos ótimos “Some way back no more” (2008) e “Of bards and madmen” (2005), além do mais recente trabalho, “Raving souls society”. A fim de esquentar mais o ambiente, o CARRO BOMBA entrou em cena, com seu Heavy metal intrincado e cantado em português, divulgando seu quarto álbum, “Carcaça” (2011), além de terem tocado pedradas do clássico “Nervoso” (2008).
LOTHLÖRYEN
CARRO BOMBA

Na sequência veio a banda MAESTRICK, executando um Prog metal bem sacado, com bases fortes e atmosferas variadas, nos sons de seu debut “Unpuzzle” (2011) e ainda levantou a galera com o cover de ‘Aqualang’ do JETHRO TULL. Realmente mostraram ser uma banda promissora do estilo aqui no Brasil.

MAESTRICK

O som gótico da banda GOATLOVE veio para embalar a atmosfera densa e psicodélica do festival. A banda mostrou um alto entrosamento entre os músicos, e  o vocalista Roger Lombardi com seu vocal forte e presença imponente. Com a sonoridade que mescla o punk, o hard e o dark, as músicas 'Blade of love', 'St.Pity', e, sobretudo, 'Ultramarine dog' foram novidades que me agradaram ao conhecê-las.
A banda está para lançar seu primeiro álbum "The goats are not what they seem", enquanto isso se você é fã de bandas como SISTERS OF MERCY, não deixe de baixar e ouvir os EPs do GOATLOVE, "Look What The Goat Dragged In" (2008) e "Automatic Fire" (2010).

GOATLOVE

            Os paranaenses do DOMINUS PRAELII com certeza, surpreenderam não somente a mim, mas a todos. O show desses caras foi uma estrondosa avalanche de Heavy metal tradicional, naquele naipe “forjado no aço”, se é que me entendem. Um conselho a vocês que curtem SAXON, RUNNING WILD, JUDAS PRIEST e ONSLAUGHT, ouçam os discos “Holding the flag of war” (2002) e “Bastard and killers” (2006) e confiram por si mesmos.
DOMINUS PRAELLI

            Uma banda que muitos esperavam para conferir era a KERNUNNA, nova banda de Bruno Maia (ex-TUATHA DE DANANN) que fazia ali sua estreia ao vivo. O som é composto por elementos da música celta, mpb e rock progressivo, com alguns elementos novos, como gaita de folen, e arranjos bem feitos, e segundo o próprio Bruno Maia, a banda é uma continuação natural do TUATHA DE DANANN . Como não poderia deixar de ser, fizeram a alegria dos fãs tocando também clássicos do TUATHA como ‘The last words’, ‘Land of youth’ e ‘The dance of the little ones’.
KERNUNNA

            O momento obscuro do evento chegou com o show dos suiços do SAMAEL, banda já renomada no Black metal através de seus primeiros trabalhos “Worship him” (1990), “Blood ritual” (1992) e “Ceremony of opposites” (1994), e o ponto alto do show foi a música ‘Black trip’ do último álbum citado. Para estender mais ainda a bandeira da Suécia, o GRAVE deu uma surra de Death metal, com uma performance de respeito aos sons dos clássicos álbuns “Into the grave” (1991), “Back from the grave” (2002) e o recente “Burial ground” (2010).
SAMAEL
GRAVE

Outra banda bastante esperada por muitos era o SHAMAN, que após a debandada de André matos, levando consigo Hugo e Luis Mariutti, deixou por um tempo a dúvida no ar sobre como e se prosseguiria dali para frente. No entanto, o baterista Ricardo Confessori reuniu um time de bons músicos, composto por Tiago Bianchi (vocal), Léo Mancini (guitarra) e Fernando Quesada (baixo). A performance estimulante de todos, sobretudo Tiago, tornou o show algo muito bom de assistir, e também tocaram músicas de toda a carreira da banda, desde músicas do clássico “Ritual”, até o mais recente trabalho, “Origins” (2010).
SHAMAN

Após horas de muito Metal, era hora de algo mais Rock and roll pintar no pedaço, e assim foi, com o DR.SIN, que pela segunda vez seguida, levantaram o astral da galera, já cansada, com seu Hard/Heavy de ótima qualidade. Novamente, eles demonstraram que também podem ser fortes candidatos a ser tradição do evento, pois o show foi tão bom quanto o da edição anterior. Além de clássicos inegáveis como ‘Isolated’, ‘Fire’ e ‘Miracle’, eles também mandaram sons interessantes de seu mais recente álbum, “Animal” (2011). Pra dar aquela vontade nos fãs, fizeram aquela velha cena de “estamos indo embora”, mas voltaram e falaram do que muitos brasileiros gostam: “Futebol, mulher e rock and roll”. Preciso dizer mais alguma coisa?
DR.SIN

No fechamento do evento, numa madrugada com um frio de rachar, e todos exaustos após a extensa maratona sonora, pra esquentar o lugar, as paulistas da NERVOSA, desceram a lenha com músicas agressivas e uma boa interação com o público. E assim, termina mais uma edição deste grande e tradicional festival brasileiro de celebração ao Metal e Rock and roll.
NERVOSA